A novela Joia Rara estreou na semana passada como a mais nova trama do horário das seis horas. Este horário sempre foi considerado um espaço para produções mais de época, até tendo um público bastante específico. Nunca foi uma novela que conseguiu superar a audiência do horário das 21 horas, mas também nunca foi uma novela que perdeu para outras emissoras o posto de primeiro lugar de audiência. Por isso, a responsabilidade na estreia de uma nova novela sempre é grande.
Um dos primeiros aspectos da trama que conseguiram chamar a atenção do público e dos críticos de televisão estão relacionados a técnica da novela. O consenso é de que há muitos anos não existia uma produção tão bem acabada tecnicamente no horário e também a novela já pode ser considerada como uma das mais bonitas, em termos de fotografia e cenografia, dos últimos tempos em comparação com as novelas dos outros horários.
Uma curiosidade interessante é que a equipe de direção e de atores desta novela estiveram também em outra produção que também tinha um acabamento muito interessante, que era Cordel Encantado, que foi ao ar em 2011 e a autoria de Duca Rachid e Thelma Guedes, a direção de Amora Mautner em núcleo de Ricardo Waddington e elenco com Bruno Gagliasso, Bianca Bin, Domingos Montagner, Carmo Dalla Vecchia, Nathalia Dill, Marcos Caruso, Cláudia Ohana e outros
Mas algo que realmente chama a atenção nas críticas que são feitas à novela é que ela parece um produto que pode conquistar por causa da sua embalagem, mas não por causa do seu conteúdo propriamente dito. Mais uma vez, uma novela da Rede Globo acaba sendo criticada pela grande quantidade de clichês que apresenta em sua trama, uma das mais manjadas da história da teledramaturgia brasileira, de acordo com alguns críticos.
Mas o um ponto positivo da trama é que os autores conseguem costurar esta grande quantidade de clichês e um pano de fundo belo e ao mesmo tempo conseguem despertar a curiosidade do público por causa de um grande trunfo: a época que foi escolhida para retratar a história. Movimentos populares contra a ditadura na Era Vargas e o florescimento do Comunismo, com o mesmo enfoque de “Joia Rara”, puderam ser vistos na novela “Esperança” (2002-2003), de Benedito Ruy Barbosa – trama na qual Thelma Guedes colaborou no roteiro.
Mesmo aparecendo em outras novelas, o período histórico é pouco retratado nas novelas quando comparados a outras épocas, e isso faz com que a novela também ganhe um caráter instrutivo muito mais interessante do que as outras tramas que atualmente estão no ar.
Na trama principal, temos uma vilã que coloca a vingança acima de tudo, basicamente como a Nina que fez muito sucesso em Avenida Brasil, mas sem a competência dos diálogos afiados que conseguirá dar mais destaque para a personagem. Em joia rara temos Silvia, interpretada por Nathalia Dill, que decide vingar o pai que acabou caindo em desgraça, e acaba se infiltrando na família do seu carrasco em um disfarce ideal.
Mesmo com uma grande quantidade de clichês, a trama consegue encher os olhos e deve agradar ao público do horário.
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