Ao longo dos anos, algo que acabou se tornando motivo de preocupação para as agências diretamente envolvidas com as causas da saúde, é o que diz respeito à gravidez. Um dos pilares dessa preocupação é o fato do crescente número de partos cesáreos, motivados muitas vezes por mitos ainda hoje existentes na sociedade.
A partir dos dados apurados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, é possível observar que os índices de partos cesáreos na atualidade cresceram de forma alarmante. Até julho do ano passado, 40% dos nascimentos de crianças feitos pelo SUS eram cesáreos, e esse número chega a ser ainda mais assustador nas clinicas e maternidades particulares, chegando a 84%, números que por sinal, ficam bem acima dos 15% considerados aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde.
Muitos médicos encorajam as pacientes a optar pelo parto cesáreo usando justificativas consideravelmente convincentes, focando especificamente nos supostos benefícios. Os argumentos mais comuns são aqueles que dizem que a paciente não terá surpresas, que o parto será indolor, e outros do gênero, entretanto, o que geralmente não é mencionado é o risco que esse tipo e intervenção pode ocasionar tanto à mãe, quanto ao bebê.
Gravidez semana-a-semana: Desvende os mitos e verdades do parto normal
Diante do panorama atual dos partos no País, o portal Uol Mulher conversou com especialistas acerca dos principais mitos e verdades relacionados ao parto normal, na sequência você poderá ver uma interpretação completa daquilo que os profissionais acreditam.
Pouca dilatação
Mito – O trabalho de parto pode ser um processo demorado e é de acordo com a frequência de contrações que ocorre a dilatação. A dilatação do colo do útero só ocorre quando há contrações uterinas, pelo que, não dilatará o suficiente se o médico e a mãe não tiverem paciência para esperar. Uma gestação pode durar, em média, de 38 a 40 semanas, mas em alguns casos pode chegar a 41 semanas.
Bacia estreita
Verdade – De acordo com os obstetras, os casos de mães que possuem a bacia muito estreita podem dificultar o parto normal, esse tipo de situação, porém, costuma ser rara e pode ser diagnosticada a partir do toque ainda no pré-natal.
Esse acontecimento é conhecido como vício pélvico, e ocorre quando a mulher tem uma má formação nos ossos, o que acaba impedindo que a bacia dilate o suficiente para a passagem do bebê.
Outra ocasião em que o parto normal não é possível é quando a cabeça do bebê não tem o tamanho proporcional à bacia da mãe, isso, porém, ao contrário do caso anterior, só é possível descobrir quando a mãe já está em trabalho de parto, que é quando os médicos vão avaliar se a cabeça do bebê está descendo pelo canal vaginal normalmente.
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Cordão umbilical enrolado
Parcialmente verdade – Essa situação só impedirá o parto normal no caso de o cordão umbilical estar enrolado e apertado o suficiente para impedir a passagem de sangue da placenta para o bebê e os batimentos cardíacos.
Placenta envelhecida
Parcialmente verdade – A placenta pode envelhecer com o passar do tempo de gestação, mas a avaliação, pode ocorrer no período entre 37 e 38 semanas de gravidez, quando é possível diagnosticar o fato através do ultrassom. Vale ressaltar, porém, que o parto normal geralmente só não pode ocorrer caso a placenta envelhecida seja combinada com outros fatores de risco tais como, diminuição do liquido amniótico e bem estar do bebê.
A mãe não entrou em trabalho de parto
Mito – De acordo com especialistas a gestação pode durar entre 38 a 40 semanas mas algumas gestantes podem levar um tempo maior que isso, caso passe de 40 semanas mãe e filho devem ser monitorados rigorosamente a cada três dias, caso a gestação chegue a 41 semanas, o médico deve aconselhar e conversar com a mãe sobre o parto induzido, mesmo que os exames apontem que mãe e filho estejam bem.
Trabalho de parto longo
Mito – Não existe nenhuma regra que diga que o trabalho de parto tenha que durar um período de tempo específico, não é o tempo de trabalho de parto que deverá indicar se a mulher pode ou não ter um parto normal. O que pode definir isso são outros fatores que possam, eventualmente, colocar em risco a vida de mãe e filho. De acordo com os ginecologistas o primeiro parto de uma mulher pode durar em média 12 horas.
Bebê em posição de sentado ou atravessado no útero
Verdade – É possível identificar a posição em que a criança se encontra tanto apalpando a barriga da mãe, quanto através do exame de ultrassom, caso a criança não esteja na posição correta será necessária, de fato, uma intervenção cesárea. No caso do bebê estar sentado, o médico possivelmente fará uma avaliação do histórico da paciente, caso ela já tenha passado por outros partos sem nenhum problema é indicado o parto normal, mas na maioria das vezes a cesárea é a mais indicada.
Duas ou mais cesáreas anteriores
Verdade – Quando a mãe já passou por duas ou mais cesáreas anteriores ao parto é indicado que o parto se dê por cesárea novamente, isso porque as paredes uterinas podem se romper devido à fragilidade causada pelas cicatrizes das intervenções anteriores. Caso a mãe tenha passado por apenas uma cesárea anterior, é possível que passe por um parto normal.
Cirurgia para retirada de mioma uterino
Verdade – A cirurgia de retirada de mioma, especialmente quando o procedimento de retirada é procedido na parte interna do útero, causa uma fragilidade na parede uterina, e isso a torna passiva de rompimento durante o parto normal, podendo colocar em risco a vida da mãe e do bebê. Nos casos em que a cirurgia de retirada de mioma é feita na parte externa da parede uterina é possível que a mãe passe por um parto normal sem grandes riscos.
Vale ressaltar, que todos os mitos e verdades aqui mencionados, são de caráter informativo, e servem para que a paciente consiga conversar mais abertamente acerca do assunto com o profissional que cuida de sua gravidez, a palavra final do médico responsável pelo procedimento deve prevalecer sempre, desde é claro, que se trate de um profissional confiável, algo que por sinal, é um quesito básico para o acompanhamento de um quadro delicado como geralmente é o de gravidez.
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