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Programas de humor que marcaram gerações na TV brasileira

Descubra como Trapalhões, Escolinha e Chaves conquistaram milhões de fãs e continuam fazendo sucesso nas reprises de streaming.
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Direto ao Ponto:

  • Trapalhões dominou domingos por 21 anos na Globo
  • Escolinha do Professor Raimundo criou centenas de personagens icônicos
  • Chaves segue líder de audiência mesmo décadas após gravação
  • Sitcoms como Sai de Baixo revolucionaram comédia nacional
  • Programas clássicos agora migram para canais de streaming

Programas de humor que marcaram gerações na TV brasileira
Créditos: Redação

Domingo, sete da noite. Milhões de brasileiros se reuniam diante da televisão para acompanhar as trapalhadas de quatro amigos inseparáveis. Era assim desde 1977, quando a Globo trouxe para suas noites dominicais o quarteto que se tornaria sinônimo de humor popular no Brasil. Didi, Dedé, Mussum e Zacarias construíram mais do que um programa — criaram uma linguagem cômica que atravessou gerações e permanece viva na memória afetiva nacional.

A trajetória dos programas de humor na televisão brasileira reflete décadas de transformações sociais, tecnológicas e culturais do país. Desde as primeiras transmissões em preto e branco até as reprises nos canais de streaming, essas atrações moldaram o jeito brasileiro de fazer rir e de se reconhecer nas telas.

Quando o riso era ao vivo no teatro

Antes mesmo de Os Trapalhões dominarem os domingos, outro formato revolucionava a comédia brasileira. Família Trapo chegou às telas da Record no fim dos anos 1960 como um dos mais importantes humorísticos da época. Transmitido no horário nobre de sábado, o programa acontecia em cenário único — uma sala de classe média paulistana — e contava com plateia ao vivo.

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O elenco reunia nomes como Renata Fronzi, Ronald Golias e Jô Soares, que também atuava como redator ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega. Um dos momentos mais memoráveis da atração foi a participação de Pelé, eternizada nos arquivos da televisão nacional.

Décadas depois, esse formato de gravação com plateia seria retomado por Sai de Baixo, que estreou em 1996 na Globo. Diferente da maioria das produções televisivas, a série era gravada em teatro, permitindo improvisações e interação direta com o público. Miguel Falabella, Aracy Balabanian, Luis Gustavo e Marisa Orth formavam o núcleo de uma família disfuncional que morava no Largo do Arouche, em São Paulo.

Durante oito temporadas, até 2002, o programa recebeu convidados ilustres como Edson Celulari, Cláudia Raia, Susana Vieira e até a cantora Rita Lee. A atmosfera teatral dava liberdade para os atores brincarem entre si, fazendo alusões às próprias carreiras e criando momentos genuínos de riso compartilhado.

A sala de aula que virou fenômeno nacional

Antes de virar programa independente na televisão, a Escolinha do Professor Raimundo nasceu no rádio em 1952, criada por Haroldo Barbosa na Rádio Mayrink Veiga. A versão televisiva surgiu em 1957 como quadro do programa Noites Cariocas, na TV Rio, mas seu auge aconteceu nos anos 1990 sob comando de Chico Anysio.

Chico eternizou centenas de personagens ao longo da carreira, entre eles Alberto Roberto, Bento Carneiro — o vampiro brasileiro —, Professor Raimundo e Salomé. Muitos desses tipos ganharam vida própria e migraram para outros programas, incluindo o Zorra Total.

Na pele do Professor Raimundo Nonato, Chico cunhou um dos bordões mais repetidos da televisão brasileira: enquanto fazia um sinal com os dedos indicador e polegar, dizia "e o salário, ó". A sala de aula da Escolinha reuniu alguns dos principais humoristas do país, como Costinha, Grande Otelo, Lúcio Mauro, Rogério Cardoso, Zezé Macedo e Zilda Cardoso.

O programa também revelou talentos, caso de Tom Cavalcante. Uma nova versão da Escolinha foi produzida entre 2015 e 2020, com Bruno Mazzeo — filho de Chico Anysio — interpretando o novo Professor Raimundo. Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Mateus Solano e Otávio Muller integraram esse elenco renovado.

Trapalhões: a essência do humor popular

A história do quarteto começou bem antes da Globo. Em 1966, Didi e Dedé já eram estrelas do programa Adoráveis Trapalhões na extinta TV Excelsior. Passaram pela Record, quando Mussum se juntou ao grupo, e foi na Tupi que o time se completou com a chegada de Zacarias.

Quando migraram para a Globo em 1977, Os Trapalhões já tinham identidade consolidada. Didi era o líder, um cearense malandro que sempre se dava bem. Dedé representava o galã inteligente do grupo. Mussum trazia o humor espontâneo e as frases marcantes. Zacarias completava o time com sua presença carismática.

O programa dominical, exibido antes do Fantástico, misturava esquetes, paródias musicais e situações sem conexão direta entre si. Uma das cenas mais famosas foi a paródia de Teresinha, canção de Chico Buarque na voz de Maria Bethânia, protagonizada hilariantemente por Didi.

Durante 21 anos na Globo, até 1995, Os Trapalhões mantiveram audiência expressiva com humor direto, circense e acessível a todas as idades. Atualmente, diversos episódios estão disponíveis no YouTube e são constantemente reprisados, comprovando a força atemporal do quarteto.

Chaves: o eterno vizinho do 8

Embora não seja produção brasileira, Chaves merece menção especial na história do humor na TV nacional. Desde que chegou ao SBT, o programa mexicano criado por Roberto Gómez Bolaños nunca saiu do ar. Décadas após as gravações originais, a série continua liderando audiência em sua faixa horária.

O sucesso de Chaves no Brasil transcende gerações. Pais que assistiram na infância agora veem seus filhos e netos repetirem bordões como "Foi sem querer querendo" e "Tá bom, mas não se irrite". A simplicidade das situações, os personagens carismáticos e o humor universal explicam a longevidade da atração no país.

A praça que resistiu ao tempo

Desde 1987, Carlos Alberto de Nóbrega apresenta A Praça É Nossa no SBT. O formato é simples: um homem sentado em um banco de praça por onde passam diversos tipos em esquetes que têm sempre o mesmo cenário. A ideia original vem de Praça da Alegria, que tinha Manuel de Nóbrega — pai de Carlos Alberto — como figura central.

O programa se tornou um dos humorísticos mais longevos da televisão brasileira e desempenha papel social importante: ao longo dos anos, empregou diversos atores e humoristas em situação difícil ou desempregados. Repleto de bordões e com humor extremamente popular, A Praça É Nossa continua sendo uma das maiores audiências e receitas publicitárias do SBT.

Sitcoms: quando a família entrou na sala

Os anos 2000 marcaram o auge das sitcoms brasileiras. A Grande Família, que já havia sido sucesso nos anos 1970 em versão criada por Oduvaldo Vianna Filho e Armando Costa, ganhou nova interpretação em 2001. Marco Nanini, Marieta Severo, Lúcio Mauro Filho, Guta Stresser e Pedro Cardoso viveram a família Silva por incríveis 14 temporadas.

A série mostrava o cotidiano de uma família de classe média moradora do subúrbio carioca, com seus 485 episódios exibidos até 2014. Lineu, Nenê, Tuco, Bebel, Agostinho Carrara e Seu Floriano se tornaram figuras queridas que entravam nas casas dos brasileiros toda semana.

Outras sitcoms também marcaram época. Os Normais, estrelada por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, acompanhou o casal Vani e Rui entre 2001 e 2003. Tapas & Beijos trouxe Fernanda Torres e Andréa Beltrão como amigas que dividiam apartamento e trabalhavam em loja de vestidos de noiva, rendendo memes que circulam até hoje.

Toma Lá, Dá Cá reuniu elenco de peso entre 2007 e 2009, com Miguel Falabella, Débora Bloch, Adriana Esteves e Diogo Vilela interpretando moradores de um prédio no Rio de Janeiro. O programa explorava as relações entre vizinhos com situações cotidianas e humor refinado.

Zorra Total: polêmicas e personagens inesquecíveis

Estreado em março de 1999, o Zorra Total nasceu com proposta de reunir diversos humoristas da Globo, tanto novos quanto consagrados. Originalmente exibido às quintas-feiras, o programa dava espaço para vários estilos de humor e contava com Agildo Ribeiro, Chico Anysio e até Renato Aragão como Didi, marcando sua volta à TV após o fim de Os Trapalhões.

Ao longo de seus 15 anos no ar, o Zorra passou por diversas reformulações. Em 2011, o cenário virou Metrô Zorra Brasil, onde Valéria — interpretada por Rodrigo Sant'Anna — e Janete — vivida por Thalita Carauta — se tornaram as protagonistas e únicos grandes destaques do programa na época.

Apesar da audiência satisfatória, o Zorra sempre enfrentou críticas ao humor considerado popularesco e ao uso de estereótipos. O programa foi encerrado em 2020, dando lugar a novos formatos de comédia na emissora.

Novos formatos, mesma essência

O humor televisivo brasileiro segue se reinventando. Em 2025, a Globo gravou piloto de novo programa com Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch, batizado de ET. Caso aprovado, a atração representará o retorno de um humorístico tradicional na emissora, formato que não se via desde o fim do Zorra.

O Multishow passou a abrigar os Clássicos do Humor após o reposicionamento do Canal Viva, que mudou de nome para Globoplay Novelas em junho. Programas como A Grande Família, Sai de Baixo e Escolinha do Professor Raimundo ganharam nova vitrine no canal, comprovando que essas produções continuam despertando nostalgia e conquistando audiência expressiva — em diversos momentos, superaram até jogos de futebol de canais esportivos.

O cenário atual também abraça novos formatos. Aberto ao Público, comandado por Maurício Meirelles, Bruna Louise, Murilo Couto e Thiago Ventura, estreou em julho com proposta de transformar histórias reais do público em comédia. Vai Que Cola, que começou em 2013, continua no ar com elenco renovado, enquanto o humor migra cada vez mais para plataformas digitais.

Legado que atravessa telas

Os programas de humor que marcaram a televisão brasileira construíram mais do que entretenimento. Criaram bordões repetidos até hoje, personagens que se tornaram parte do imaginário coletivo e momentos compartilhados entre gerações. Seja na sala de aula do Professor Raimundo, no banco da praça de Carlos Alberto de Nóbrega ou na sala dos Silva, esses programas documentaram décadas de Brasil.

Agora disponíveis em streaming e em reprises nos canais pagos, essas produções continuam cumprindo seu papel: fazer rir. E ao fazer rir, também preservam memórias, costumes e jeitos de ser que definem a identidade cultural brasileira. O humor da TV nacional evolui, mas suas raízes permanecem firmes nas trapalhadas, escolinhas e famílias que fizeram história.


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