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Como os eSports estão se tornando profissão no Brasil

Entenda como jogadores profissionais brasileiros constroem carreiras sólidas e conquistam salários competitivos no cenário global.
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Direto ao Ponto:

  • Mercado de eSports deve alcançar US$ 3,5 bilhões no Brasil até 2025
  • Salários de jogadores profissionais variam de R$ 2,5 mil a R$ 30 mil mensais
  • Brasil é a terceira maior audiência mundial com mais de 21 milhões de espectadores
  • Universidades e cursos de especialização formam profissionais para o setor
  • Organizações brasileiras como LOUD e paiN Gaming competem internacionalmente

Como os eSports estão se tornando profissão no Brasil
Créditos: Redação

US$ 3,5 bilhões. Esse é o valor que o mercado de games e eSports deve movimentar no Brasil até o fim de 2025, segundo dados da Pesquisa Game Brasil. O número impressionante revela uma transformação silenciosa, mas profunda: os esportes eletrônicos deixaram de ser hobby para se tornarem uma carreira profissional viável para milhares de brasileiros.

O cenário competitivo brasileiro conquistou reconhecimento internacional. Com mais de 21 milhões de espectadores, o país ocupa a terceira posição no ranking mundial de audiência de eSports, ficando atrás apenas de China e Estados Unidos. A paixão nacional pelos jogos eletrônicos ultrapassou barreiras e criou um ecossistema econômico robusto, capaz de sustentar carreiras, gerar empregos e atrair investimentos milionários.

Da gaming house ao estádio lotado

Gabriel Toledo, conhecido como FalleN, lidera a lista dos jogadores brasileiros mais bem-sucedidos financeiramente. O atleta de Counter-Strike acumulou mais de US$ 1,2 milhão em premiações ao longo da carreira, segundo levantamento da empresa de inteligência Brasil Apostas com base em dados do portal Esports Earnings. Marcelo "coldzera" David e Epitácio "TACO" de Melo completam o pódio nacional, todos oriundos da histórica formação da SK Gaming.

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Os valores, porém, vão além das premiações. A remuneração mensal dos jogadores profissionais brasileiros apresenta uma amplitude significativa. De acordo com informações do mercado compiladas por veículos especializados, atletas iniciantes ou de equipes menores recebem entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil por mês. Jogadores de times de elite, como os que disputam o CBLOL (Campeonato Brasileiro de League of Legends), podem alcançar a faixa de R$ 15 mil a R$ 30 mil mensais.

Kami, ex-jogador profissional da paiN Gaming, revelou em janeiro de 2025 que seu maior salário como pro player foi de R$ 16 mil. O atleta iniciou a carreira em 2013 ganhando R$ 800 e destacou que sempre obteve rendimentos maiores como streamer do que como jogador profissional. A declaração ilustra um aspecto importante do mercado: as múltiplas fontes de renda disponíveis para os profissionais de eSports.

Além dos jogadores: um mercado de oportunidades

A profissionalização dos eSports abriu portas para diversas carreiras complementares. Treinadores, analistas de desempenho, psicólogos esportivos, fisioterapeutas, nutricionistas, narradores, produtores de conteúdo e gestores de equipes encontram espaço crescente no setor.

A PUC-SP oferece o primeiro curso focado em Psicologia para eSports do país, capacitando profissionais para lidar com questões emocionais de atletas de alto rendimento. A iniciativa reflete uma tendência: instituições de ensino reconhecem a legitimidade da modalidade e preparam especialistas para atender demandas específicas do mercado.

Cursos de Gestão Desportiva, Marketing Esportivo, Jornalismo especializado e até Bacharelados em Administração com foco em eSports surgem em faculdades brasileiras. As mensalidades variam de R$ 112,50 a R$ 416,90, segundo levantamento da Quero Bolsa, tornando a formação acessível para diversos perfis de estudantes.

Para quem deseja ingressar como jogador profissional, o caminho exige dedicação similar à de atletas tradicionais. Renan Philip, CEO da paiN Gaming, revelou durante a Campus Party 2015 que começou como voluntário antes de se tornar treinador e posteriormente gestor. "Hoje tem muita gente que quer trabalhar com esporte eletrônico, quando abrimos vagas muita gente se candidata. Mas o ideal é começar como voluntário", explicou na época.

Investimentos e organizações em alta

O mercado brasileiro de eSports atraiu investimentos expressivos nos últimos anos. Em 2022, a Los Grandes adquiriu a Team oNe, criando uma organização avaliada em R$ 154 milhões. A Vivo Keyd se fundiu com a Stars Horizon, originando uma entidade de R$ 100 milhões. Os números evidenciam a maturidade financeira do setor.

Organizações brasileiras como LOUD, paiN Gaming e INTZ competem em múltiplas modalidades e conquistam fãs ao redor do mundo. A LOUD, fundada por Jean Ortega e Bruno Bittencourt, levantou cerca de R$ 50 milhões através da Snackclub, startup de blockchain, demonstrando a convergência entre eSports e novas tecnologias.

Clubes tradicionais do futebol brasileiro não ficaram de fora. Flamengo, Corinthians, Santos, Athletico Paranaense, Goiás e Bragantino mantêm equipes de esportes eletrônicos. Ronaldo Fenômeno foi pioneiro ao investir no time CNB, que disputa o CBLOL. A estratégia visa alcançar um público jovem: enquanto 24% dos espectadores de futebol têm entre 10 e 24 anos, esse percentual sobe para 43% entre os fãs de eSports, segundo o Global Esports Market Report da Newzoo.

Audiência que rivaliza com esportes tradicionais

A final da Copa do Mundo de League of Legends de 2019 registrou 99,6 milhões de espectadores, número comparável a grandes eventos esportivos como o Super Bowl. A audiência global de eSports atingiu 435 milhões de pessoas em 2020 e a projeção indica crescimento para mais de 577 milhões até 2024.

No Brasil, plataformas de streaming como Twitch, YouTube e Facebook concentram a maior parte do público. O conteúdo competitivo de esportes lidera as horas assistidas na América Latina, com 48,7 milhões de horas registradas. Valorant contabiliza 263 milhões de horas assistidas com 1,4 milhão de fãs interagindo pelo chat.

A Pesquisa Game Brasil 2024 revela que 76,5% dos gamers brasileiros consideram os eSports uma modalidade esportiva legítima, e 85,2% acreditam que é uma atividade séria e comprometida. Esses dados consolidam a percepção de que os esportes eletrônicos transcenderam o status de entretenimento casual para se estabelecerem como competições profissionais.

Modalidades preferidas e estrutura do mercado

Uma Consulta Pública realizada pelo Ministério do Esporte entre fevereiro e março de 2025 identificou as modalidades mais populares no país. Counter-Strike lidera com 90,7% de preferência, seguido por League of Legends com 87% e Valorant com 69,2%. Free Fire, FIFA, Dota, Fortnite e E-Football completam a lista.

O ecossistema de eSports funciona através de múltiplos agentes. Empresas desenvolvedoras como Valve, Riot Games, Epic Games e Blizzard criam os jogos e promovem diálogo com a comunidade. Organizações funcionam como clubes esportivos tradicionais, estampando suas marcas nos campeonatos. Ligas como ESL e DreamHack realizam os torneios, estabelecem regras e captam recursos.

Desafios e perspectivas futuras

Apesar do crescimento expressivo, a carreira de jogador profissional apresenta desafios. A alta competitividade, a necessidade de dedicação integral e a volatilidade do mercado exigem planejamento cuidadoso. A maioria dos atletas concentra mais de 90% dos rendimentos em um único jogo, segundo análise do site Voxel, tornando a transição entre modalidades extremamente difícil.

A duração média da carreira também é um fator relevante. Reflexos rápidos, coordenação motora aguçada e capacidade de tomada de decisões em milésimos de segundos tendem a declinar com a idade, fazendo com que muitos jogadores se aposentem entre 25 e 30 anos. A necessidade de preparação para a transição profissional é cada vez mais discutida no meio.

Giovanni Rocco, secretário nacional de Apostas Esportivas e de Desenvolvimento Econômico do Ministério do Esporte, avalia que o mercado brasileiro está evoluindo rapidamente. "O mercado de e-Sports no Brasil está evoluindo rapidamente, impulsionado por investimentos crescentes e com uma base de fãs em expansão, o que tem aumentado a popularidade dos jogos competitivos em todo o país", declarou em abril de 2025.

A regulamentação do setor avança no Congresso Nacional, com debates sobre modelos que combinem desenvolvimento econômico e responsabilidade social. A expectativa é que marcos regulatórios tragam maior segurança jurídica tanto para empresas quanto para profissionais, potencializando ainda mais os investimentos.

A Geração Z, que cresceu com acesso constante às plataformas digitais, molda o mercado atual. Para muitos jovens, jogar transcende a recreação e representa socialização, expressão pessoal e construção de comunidades. Essa transformação cultural sustenta a expansão dos eSports e projeta um futuro promissor para profissionais do setor.

Com infraestrutura em desenvolvimento, investimentos bilionários, audiência crescente e profissionalização cada vez maior, os esportes eletrônicos consolidam-se como uma indústria sólida no Brasil. As oportunidades vão desde a atuação como jogador profissional até carreiras em gestão, produção de conteúdo, psicologia esportiva e marketing digital, configurando um mercado diversificado e em plena expansão.


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