Há muito tempo as novelas deixaram um pouco o preconceito de lado e começaram a retratar a vida não apenas de pessoas heterossexuais, mas também dos gays, que estão cada vez mais inseridos em nossa sociedade. O problema é que nem sempre as tramas conseguem personagens que realmente consigam a aprovação do público gay. Muito se fala que os autores ainda se prendem a estereótipos para conseguirem tentar conversar com este público.
Mas no caso da novela Amor à Vida, que possui mais de um personagem gay abertamente na trama, parece que o público finalmente conseguiu aprovar um dos arcos narrativos envolvendo esta orientação sexual, que foi a história vivida pelo personagem Niko, interpretado pelo ator Thiago Fragoso.
Niko foi apresentado na novela como o par do personagem interpretado por Marcello Antony. No começo da trama os dois apareciam como um retrato de um relacionamento perfeito. Os dois bem sucedidos, vivendo uma vida confortável e uma união estável. Tudo muda quando os dois resolvem ter um filho, e com isso acabam reconhecendo a necessidade de tentar uma técnica utilizando uma barriga solidária
Neste momento entra em campo a personagem de Amarilys, interpretada pela atriz Danielle Winits. Ela acaba concordando em gerar o filho do casal, e passa a morar junto com os dois na mesma casa. Depois de muitos episódios tentando sem sucesso engravidar, ela acaba roubando o marido de Niko e ainda por cima enganando o personagem de Fragoso, ficando com o filho gerado para ela.
O personagem de Niko acabou entrando para as preferências dos gays por mostrar um tipo que ainda não tinha sido muito explorado nas tramas, os gays que realmente querem montar uma família e que se importam com o outro. Uma das atitudes do personagem que fez ele cair ainda mais nas graças do público foi a escolha por adorar um filho, um menino crescido e negro, como parte também de uma campanha da novela para que as pessoas adotem criança maiores.
Durante uma entrevista recente concedida por Fragoso, ele declarou que o personagem vai deixar um legado importante para o país ao fazer parte de uma história que fala sobre o processo e adoção de crianças por casais gays.
Acho que a grande contribuição social dessa novela está sendo na causa dos direitos dos homossexuais em geral. Isso é muito importante — destaca.
Segundo Thiago, o sucesso do personagem, principalmente com as crianças, se atribui à bondade de Niko. Ele diz que “fugiu da sexualização” na sua composição buscando apenas “o afeto e o companherismo”.
— Acho engraçado as pessoas falarem que o Niko é a mocinha da história. Na realidade não construí um personagem gay que sonha ter uma família. Construí um cara que sonha ter uma família e que, por acaso, é gay. Tentei buscar a fragilidade, a bondade, o lirismo, a feminilidade do Niko sem recorrer a rótulos e a caricaturas. Acho que é por isso que as pessoas torcem tanto por ele, porque é de verdade. O Niko tem caráter, bom coração e é honesto com todos a sua volta — explica.
Agora, na atual fase da novela, Niko está batalhando na justiça para tentar conseguir o direito pelo filho Fabrício. Além disso, uma aproximação entre ele e o vilão da trama, Félix, também está sendo costurada aos poucos:
— Acho que a metáfora da redenção do mal através da aproximação com o bem é muito linda. O Niko, que só vê o lado bom das pessoas, insiste que o Félix é bom pois ele o ajudou. Acho que essa crença do Niko na bondade do Félix pode fazer com que ele consiga ver coisas boas em si mesmo. Mas é claro, trata-se de uma novela. Na vida real, não acredito na redenção de alguém que joga a sobrinha recém-nascida numa caçamba de lixo, dentre tantas outras maldades que o Félix fez. Não sou tão ingênuo quanto o Niko.
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