Sentimento Rude

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Quase sempre é por instinto que elegemos alguém pra fazer parte da nossa vida. Os olhos o selecionam e comunicam aos sentimentos o que esta pessoa tem do que procuram, e pronto; aí o coração, sem tino, já se encarrega de afluir ao confuso imaginário, conteúdos que, por carência, só ele conseguiu enxergar. E então começa a tentativa de fazer o outro sentir o que só nós sentimos. Neste processo de nos fazer percebidos, nos tornamos menino no seu primeiro estradar: ferido, mas ainda encantado. E mesmo quando o outro percebe que o nosso olhar expressa o eco ansioso do coração, e aceita formar o vínculo dois em um, na busca de se completarem, durante o caminhar do tempo, começamos tatear o outro, necessitando encontrar o conteúdo que no início os estímulos anunciaram, e por muitas vezes, encontramos apenas as cascas de um recheio ilusório. Então, como tudo que se desordena, acabamos mais uma vez machucados. Machucados e teimosos, sempre prontos a nos expormos a situações semelhantes. A pausa só dura enquanto os olhos do peito lacrimam, tentando cicatrizar fissuras, pelas quais, gotejam cochichos de um coração que, recolhido ao seu ninho, agora só dispõe de um peito vazio sufocando seu eco.
É nato da espécie se encantar com aparências, e numa busca sem questionamento, tentar atraí-las para formar seu inteiro; e nesta querença, não importam os arranhões dos espinhos, porém, quando o tempo desembaça o que por trás o outro se escondia, se mostram as trincas, e o encanto decai em pedaços, e só então descobre de que cacos o outro é constituído.
Sentimento é coisa rude, não importa quantas vezes é quebrado; disfarçado de quem já não é mais aprendiz, se enche de frases feitas e, na caça, se faz predador, sem saber que a mais frágil das presas é capaz de levá-lo ao rastejo pelo enlace do coração.






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