Algo muito comum na vida de pais de adolescentes é entrar no quarto dos filhos e encontrar roupas e utensílios básicos espalhados pelo chão, cama, armário, etc. Não bastasse o cenário de completa desordem, por vezes se torna quase que impossível a missão de acordá-los pela manhã, independentemente do motivo.
Segundo matérias que ganharam a mídia nesses últimos dias, foi observando esse tipo de comportamento nos adolescentes, que a psicóloga Mônica Geraldi Valentim passou a se questionar se a fase da adolescência poderia de fato ser uma das mais ‘preguiçosas’ da vida de uma pessoa, a conclusão tirada pela profissional em sua pesquisa pode surpreender muita gente.
Preguiça comum dos adolescentes tem a ver com os processos de restauração do organismo
Segundo as pesquisas de Mônica Geraldi Valentim – que inclusive lhe renderam o título de doutora em pediatria pela Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu – o adolescente pode sim ser mais preguiçoso que pessoas na fase adulta, o estudo aponta ainda uma justificativa biológica para o fato.
Segundo a profissional, a preguiça na fase da adolescência é importante para que o organismo do indivíduo consiga passar pelo processo de restauração. A razão seria que na adolescência o corpo sofre uma grande mutação [especialmente no caso das meninas], pelo que, o gasto de energia tende a ser maior nessa fase.
Diante desse cenário, os adolescentes de certa forma necessitam de algumas horas a mais de descanso, na contramão dessa necessidade, porém, a exigência social costuma pegar responsabilidades maiores nessa fase para que o adolescente se prepare melhor na fase adulta.
De forma conclusiva, a profissional afirmou que de modo geral, os adolescentes necessitam de um tempo prolongado de descanso, necessidade essa que por vezes é taxada como indício de preguiça excessiva, principalmente por responsáveis pela educação infantil e de adolescentes. A conclusão do estudo dentre outros fatores, se ampara na máxima de que é durante o sono que o hormônio do crescimento é liberado. Outros especialistas da área da saúde concordaram com a pesquisa da profissional.
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Sobre a pesquisa
A conclusão da profissional se deu depois dela questionar adolescentes a respeito das atividades que mais lhes trazem preguiça o levantamento apontou que determinadas atividades podem trazer mais preguiça que outras.
A prova disso é que cerca de 62% dos adolescentes declararam sentir muita preguiça para realizar tarefas domésticas e do cotidiano, por outro lado, porém, outros 70% afirmaram não sentir nenhuma preguiça para namorar ou sair com amigos.
De acordo com as conclusões da psicóloga, existem duas razões para os comportamentos observados, a primeira delas seria a natural vontade de fugir de atividades que não são interessantes ao adolescente. A segunda razão seria que inconscientemente o cérebro trabalharia enviando sinais para que o adolescente consiga reservar energia suficiente para uma futura formação de par reprodutivo.
Depressão na adolescência
Apesar dos levantamentos recentes, profissionais da área da psiquiatria alertam que a preguiça na adolescência por vezes merece ser acompanhada caso a caso. O objetivo de tal procedimento seria observar o índice de preguiça para determinar se o mesmo estaria dentro da normalidade ou poderia indiciar algum distúrbio, como o início de uma depressão, por exemplo.
Conflitos com adolescentes
Socialmente a preguiça não costuma ser bem aceita, sendo por vezes vista como um indício de falha de caráter. Esse tipo de questão pode ter certa influência católica, a religião costuma aclamar a preguiça como um dos sete pecados capitais.
Devido às raízes culturais e as convenções sociais, o comportamento mais ‘preguiçoso’ dos adolescentes acaba tornando-se muitas vezes a causa de conflitos familiares. Diante desse cenário, profissionais recomendam que os pais tenham cautela no momento de lidar com a situação, é preciso encarar as necessidades dos adolescentes como fatos, e não trata-los nem como crianças, nem como adultos.
Outra orientação para os pais é a de que eles estimulem os adolescentes a terem uma rotina de horários que lhes permitam o merecido descanso de cerca de 8 a 9 horas de sono para que possam produzir de forma regular o hormônio do crescimento, esse período de descanso, porém, não deve comprometer outras atividades do dia-a-dia.
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